quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Libra, Leão & Escorpião: meu amor, meu inimigo

“Mostra-me, ó amor de minha alma, onde pastoreias, onde repousas ao meio-dia, para que eu não comece a vaguear atrás dos rebanhos de teus companheiros”.
(Cântico dos Cânticos)



Anteontem, Vênus entrou em Sagitário e eu fiquei romântica. É que tenho Vênus em Sagitário fazendo conjunção a Netuno no meu mapa astral, e sou o tipo de pessoa que acredita em amores espirituais, almas gêmeas, outras vidas e coisas assim. Tá, racionalmente sei que isso pode ser bobagem, mas...quem disse que sou uma pessoa racional?

Para tentar aplacar esta forte influência dos astros que ora me deixavam flutuar, ora  me faziam surfar nas azuis e rosadas ondas netunianas ( e muitas vezes tomar uns caldos gigantescos também), achei melhor ficar mais atenta aos ensinamentos das estrelas.

No mapa astral, a casa 7, regida pelo signo de Libra e pelo planeta Vênus, é considerada a casa do casamento, da parceria, das sociedades. É a casa que mostra o tipo de pessoa que você escolhe pra casar. Está associada ao elemento ar, ligado à racionalidade.

 Já a casa 5, regida por Leão e pelo Sol, é considerada a casa do romance, do prazer , a casa do verdadeiro amor. Está associada ao elemento fogo, ligado à paixão. Quer dizer, a sabedoria antiga já nos dava algumas pistas: na maioria das vezes, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, né?

Para a astrologia tradicional antiga, a casa 7, a do casamento, também era considerada a casa dos "inimigos declarados"!!!!

Na boa, eu acho isso muuuitooo interessante!

É que o inimigo declarado da casa 7 é "o outro", através do qual, pela convivência, podemos nos perceber por inteiros, enxergando nossas sombras e defeitos. Através do olhar do outro podemos nos conhecer, nos ver no espelho, e muitas vezes não gostar do que vemos. Mas ainda assim, através dele,  temos a chance de melhorar e nos aperfeiçoar. Agora, ninguém disse que isso é fácil. Até porque, nem sempre esta alquimia é bem sucedida, e muitas vezes as relações aprisionam, nos afastando de nós mesmos e da nossa essência.  Sartre já bem dizia, "o inferno são os outros"!

Já na casa 5, com Leão, podemos ser nós mesmos, desenvolver a individualidade e a essência espiritual  solar. Mas, já dizia o filósofo também, sem o outro, somos um eterno “vir a ser” que nunca se completa. O outro que atravanca os nossos projetos é o mesmo que dá sentido a eles. Portanto, a astrologia separa a parceria e a paixão, porque é o que nós, humanos ainda tão pouco evoluídos, em nossa visão e pensamentos lineares, acabamos fazendo, por nem sempre suportar o inferno do outro que é também o nosso próprio inferno.

        É mais fácil ver no parceiro o inimigo declarado e sonhar com um amor perfeito, verdadeiro, idealizado e leonino. Mas é só nos aproximarmos um pouco mais deste “amor verdadeiro” ,  que depois de um tempo, a paixão diminui e...pronto, já se torna ele o novo inimigo declarado e será preciso projetar o amor verdadeiro em outra pessoa.

Leão e a casa 5, ao mesmo tempo em que representam a essência espiritual solar, o eterno vir a ser das infinitas possibilidades do espírito, num nível de consciência mais inferior, simbolizam o ego e o narcisismo, as forças motrizes das “grandes paixões” incapazes de sobreviver a um mês de convivência,  tão comuns em nossos tempos. Já Libra e a casa 7 trazem o simbolismo de Vênus, planeta que representa o amor, em suas características de equilíbrio, neutralidade, união de opostos e subjugação do ego.

Imagino que o grande  desafio alquímico dos relacionamentos seja fazer o ar alimentar o fogo, unindo os potenciais da casa 5 e casa 7 numa única parceria, encarando seus desafios. Tudo isso, para fazer ferver as profundas águas escorpiônicas da casa 8, moradia da intimidade, e também do morrer e do renascer que ela proporciona. Lógico que com isso não quero dizer que acredito no “até que a morte nos separe” ou no  “felizes para sempre”. Às vezes a fervura no caldeirão desanda e entorna sobre a terra. Paciência. Aí o jeito é começar do zero uma nova mistura.

Mas eu acredito mesmo é no poder de sedução do inimigo. Acho que ele tem tudo pra ser um grande professor, e  pra quem está disposto a aprender com seus ensinamentos, esta pode  ser uma aventura muito excitante!




Eu sou para meu amado e seu desejo é para mim.
Vem, amado, saiamos para o campo, pernoitemos nas aldeias:
de manhã iremos logo para as vinhas, a ver se a videira floresceu,
se as flores estão-se abrindo, se floresceram as romãzeiras: 
ali te darei os meus amores.
As mandrágoras espalharam seu perfume às nossas portas,
todos os melhores frutos,
novos e velhos, guardei para ti.

(Cântico dos Cânticos)